Após chuva, Manaus volta a apresentar qualidade do ar 'boa' ou 'moderada'
Manaus & Municípios
Publicado em 17/10/2023

Até o fim da última semana, cidade era o segundo pior lugar do mundo em qualidade do ar. Segundo especialista, chuva tem capacidade limpar a atmosfera de poluentes como a fumaça

 

Depois de ter sido classificada como o segundo pior lugar do mundo para se respirar, Manaus volta a apresentar qualidade do ar de “boa” a “moderada”, nesta segunda-feira (16), de acordo com dados do aplicativo Selva. A capital manauara também teve mais um dia de chuva que, segundo especialistas, tem ajudado a limpar a atmosfera de poluentes. Além disso, o número de focos queimadas também diminui nos últimos dias, conforme monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

 

O meteorologista Leonardo Vergasta explica que a chuva tem a capacidade de limpar a atmosfera de poluentes, incluindo partículas de fumaça, de várias maneiras, principalmente devido aos processos de lavagem e deposição. 

 

No processo de lavagem, a chuva age como um agente de limpeza natural, capturando partículas em suspensão e gases poluentes à medida que cai, afirma o meteorologista.

 

“À medida que as gotas de chuva caem, elas colidem com partículas presentes na atmosfera, como partículas de fumaça, poeira e poluentes químicos. Essas partículas são incorporadas nas gotas de água e levadas para o solo”, disse.

 

Outro processo que também contribui para a “limpeza” da atmosfera através da chuva é a chamada deposição úmida, que pode onde ajudar a remover poluentes atmosféricos, tornando o ar mais limpo.

 

“A chuva também ajuda na remoção de poluentes do ar através da deposição úmida. Isso ocorre quando os poluentes solúveis em água são dissolvidos na água da chuva e, em seguida, são depositados no solo”, destacou o meteorologista.

 

Vergasta cita ainda o processo de limpeza do ar realizado pela chuva, que além de remover partículas de fumaça e poluentes da atmosfera, também contribui para a limpeza do ar, reduzindo a concentração de poluentes gasosos, como dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx).

 

“Esses poluentes são solúveis em água e reagem com a água da chuva para formar ácidos, como o ácido sulfúrico e o ácido nítrico, que são então removidos da atmosfera”, explicou o meteorologista.

 

Além disso, há ainda o processo de diluição, onde chuva também contribui para a diluição dos poluentes atmosféricos, reduzindo sua concentração no ar. Isso ajuda a melhorar a qualidade do ar e reduzir a exposição a poluentes prejudiciais, destaca o especialista.

 

“É importante notar que a eficácia da chuva na limpeza da atmosfera depende de vários fatores, incluindo a intensidade da chuva, a concentração de poluentes presentes no ar e a composição química desses poluentes. Além disso, em algumas situações, a chuva ácida, que ocorre quando a água da chuva contém altas concentrações de ácidos devido à presença de poluentes, pode representar um problema ambiental”, ressaltou.

 

“Portanto, embora a chuva seja um mecanismo importante de limpeza da atmosfera, medidas de controle de emissões de poluentes e práticas de gestão ambiental também desempenham um papel fundamental na redução da poluição do ar e na proteção da qualidade do ar”, completou Vergasta.

 

 

Qualidade do ar na noite desta segunda-feira, em Manaus (Foto: Reprodução)

 

Focos de queimadas

Na última semana, Manaus foi considerada o pior lugar do mundo para se respirar devido à grande circulação de fumaça causada pelas queimadas no estado. A média do índice de poluição de Manaus no dia 11 deste mês era de 459 ug/m3, e a qualidade do ar foi classificada como “perigosa”, segundo o monitoramento de qualidade internacional World’s Air Polution.

 

No entanto, nos últimos sete dias houve uma queda considerável no número de focos de incêndio e queimadas no Amazonas. Segundo o Inpe, do dia 2 ao dia 8 de outubro, o estado registrou o número alarmante de 1.978 focos. Já do dia 9 ao dia 15, o número total de focos no estado caiu para 856, uma redução de mais de 56%. 

 

Nesta segunda-feira, o Inpe registrou somente 11 focos de incêndio e queimadas em todo o estado. Segundo o meteorologista Leonardo Vergasta, a chuva que caiu em Manaus nos últimos dias serviu para limpar a atmosfera de poluentes, incluindo partículas de fumaça. O acumulado de chuva em Manaus nos últimos três dias foi de 29,4 mm, mas o esperado para o mês de outubro é de 113,9mm, ressaltou o meteorologista.

 

“Essa chuva de fato veio para trazer uma espécie de lavagem da atmosfera... Mas, as chuvas para o mês de outubro continuam bastante abaixo da média. Até o presente momento o acumulado sobre a capital se encontra abaixo do esperado para esse mês, contudo, os modelos numéricos de tempo mostram que no mês de outubro as chuvas irão ficar ainda abaixo da média climatológica sobre a capital”, disse.

 

(Foto: Junio Matos)

Fonte: Amariles Gama / online@acritica.com

 

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