Manaus no cinema: fidelidade ou estereótipos?
Manaus & Municípios
Publicado em 24/10/2023

A cidade já foi retratada no cinema 'mainstreaming' diversas vezes, mas será que essa imagem apresentada condiz com a realidade?

 

Dos cinemas de rua as filiais de grandes empresas do ramo atualmente, Manaus tem uma grande e bela história com a sétima arte, resultando no surgimento de vários artistas influenciados por este movimento. No entanto, é possível dizer que a esta cidade, enquanto metrópole no meio da floresta, foi poucas vezes retrata dignamente nas obras cinematográficas. 

 

O motivo? De início, pode-se dizer que por estar no centro da Amazônia, não dá para dissociar – ainda que inicialmente – a ideia que o cinema nacional/internacional tem de Manaus da ideia que eles têm da Amazônia no geral. E é daí que vem o estereótipo, ou pior, a invisibilidade, já que esta metrópole – no imaginário do cinema mainstreaming – acaba sendo ‘engolida’ pela floresta. Afinal, “por que mostrar uma cidade se eu posso mostrar a magia da Amazônia?”.

 

Prova disso são filmes estrangeiros e nacionais que reforçam os estereótipos sobre a Amazônia e suas populações, sendo Manaus uma delas. Exemplos claros são Anaconda (1997), Tainá (2001), Rio 2 (2014), Bem-vindo à Selva (2003), Um Lobisomem na Amazônia (2005), Na Selva (2017) e Z: A Cidade Perdida (2016). 

 

“Em praticamente todas as produções Manaus é um plano de fundo. O foco, realmente, é na Floresta Amazônica. Vemos várias séries e filmes que não retratam o centro urbano e a metrópole, canalizando toda a atenção para a floresta. No entanto, não creio que isso seja de todo ruim. É importante retratar a nossa região, com toda pujança das paisagens que temos, mas sem deixar de lado o centro urbano que tem um pouco mais de 2 milhões de pessoas no coração dele. Manaus merece mais atenção pela história que tem, equilibrando a ideia da ‘Amazônia-manauara’”, opina o jornalista e cinéfilo André Rosenthal.

É claro que existe um contraponto a estas obras há pouco citadas, no entanto, elas são – quase sempre – produções independentes, que não conseguem um mesmo apelo de público que um filme com esses citados.

 

É aí que entra pessoas como João Fernandes, diretor do Casarão das Ideias, um dos espaços e iniciativas que mais trabalham o cinema em Manaus. Para ele, esta metrópole tem várias faces, havendo também uma evolução no retrato cinematográfico do que este lugar é.

 

“Manaus não cabe na tela. Penso sempre que a imagem é muito maior do que conseguimos mostrar e fico feliz por ver cada vez mais isso acontecendo. Temos que mostrar as muitas Manaus, isso não desmerece o que somos. Acho que isso é o mais bacana de ver tantos olhares sobre a cidade”.

 

 

Cena do filme A Febre, gravado em Manaus e lançado em 2019 (Foto: Reprodução)

 

A questão em si não é sobre o retrato da Amazônia – algo ainda estereotipado – mas sobre Manaus em si. Afinal, estamos falando de uma metrópole, com seus problemas, belezas e chames, coisas que são deixadas de lado para a disseminação de um conceito já antiquado do que é esta cidade. 

 

Por exemplo, o documentário Bandidos na TV, da Netflix, por mais que aborde um tema polêmico para todo o Amazonas, ainda sim traz um retrato cru sobre o que é esta capital – mostrando um lado violento, mais ainda sim real. 

 

Talvez essa seja a questão, falta realidade na Manaus poucas vezes levada ao cinema do grande público. Esta metrópole, de muitas faces e realidades, merecem ser exploradas. A vermos o futuro.

 

Dicas de filmes:

Antes o Tempo não Acabava (2016) – Disponível no Prime Vídeo;

A Febre (2019), disponível na Netflix;

Bandidos na TV (2019), Disponível na Netflix.

 

(Foto: Reprodução)

Fonte: Michael Douglas

 

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