Câncer de colo do útero: vacina atualizada contra HPV está fazendo diferença no combate à doença
Saúde & Ciências
Publicado em 15/03/2024

O estado do Amazonas deve registrar 610 casos da doença em 2024. Vacinação contra o vírus sexualmente transmissível é medida preventiva fundamental no combate ao tumor, aponta oncologista

 

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de colo do útero é o terceiro tipo de tumor mais incidente entre as mulheres. Até 2025, a estimativa do Instituto é que 17.010 casos da doença sejam registrados por ano no Brasil. O estado do Amazonas deve ter 610 casos novos casos em 2024, o que faz com que o tumor seja o mais prevalente e letal entre todos os cânceres, inclusive aqueles que afetam tanto homens quanto mulheres. Só na capital amazonense, Manaus, é esperado o surgimento de 420 novos casos de câncer de colo do útero. O tumor é silencioso, mas quando diagnosticado precocemente, é possível que haja uma redução de até 80% de mortalidade. 

 

A principal causadora do câncer de colo de útero é a infecção pelo vírus HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano), responsável pela doença sexualmente transmissível mais frequente no mundo. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 75% das brasileiras sexualmente ativas entrarão em contato com esse vírus ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão se dá na faixa dos 25 anos. Após o contágio, ao menos 5% delas irão desenvolver câncer de colo do útero em um prazo de dois a dez anos. 

 

De acordo com o oncologista da Oncoclínicas Manaus, William Fuzita, os últimos anos foram promissores no que diz respeito ao tratamento do câncer de colo do útero. “A vacina nonavalente para HPV, ou seja, que protege contra nove cepas é uma novidade e já está presente em clínicas particulares. Na rede pública temos a vacina tetravalente contra o HPV.”, explica.

 

No último congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, a ASCO, que aconteceu em junho de 2023, foi apresentado o resultado de um grande estudo sobre câncer de colo do útero. Pela primeira vez em mais de 20 anos, a pesquisa apresentou novidades em relação ao tratamento da doença. O estudo mostrou que acrescentar imunoterapia ao tratamento aumenta as chances de controle da doença e produz poucos efeitos colaterais.

 

Sinais da doença

Na prática, muitas mulheres têm dúvidas em relação aos sintomas do câncer de colo do útero, mas existem alguns sinais que devem ser observados:

 

- Dor na relação sexual

- Sangramento depois da relação sexual

- Corrimento vaginal com sangue

- Menstruação excessiva ou fora do período

- Dor pélvica

 

Prevenção e fatores de risco

O oncologista da Oncoclínicas Manaus destaca que, sim, é possível prevenir o tumor na maioria dos casos, tendo em vista que a infecção pelo HPV, a infecção sexualmente transmissível mais frequente no mundo, está associada ao desenvolvimento da quase totalidade dos cânceres de colo de útero. “É crucial ressaltar que o câncer de colo do útero é uma doença 100% prevenível. O uso de preservativos durante as relações sexuais, a realização regular do exame de Papanicolau e a vacinação contra o HPV são medidas eficazes de prevenção”, reforça o especialista. 

 

Ainda de acordo com o médico, no estado do Amazonas nos últimos anos, o câncer de colo do útero representava o dobro dos casos em comparação com o câncer de mama, mas afirma que essa realidade tem mudado.

 

“A eficácia da vacina contra o HPV tem reduzido os casos de câncer de colo do útero. No entanto, é observado que essa diminuição é mais significativa em Manaus do que no interior do estado, indicando possíveis disparidades na cobertura vacinal entre essas regiões”, alerta o oncologista.

 

Dentre os fatores de risco que contribuem para o surgimento da doença estão o começo precoce da vida sexual, tabagismo, múltiplos parceiros e a presença de outras infecções sexualmente transmissíveis, como herpes genital. 

 

Tratamento

Para a neoplasia, as opções de tratamento são cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia. A cirurgia pode consistir na retirada do tumor ou do útero, o que pode, por exemplo, impossibilitar a mulher de engravidar. Mas o tratamento muda de acordo com o estágio da doença, por isso, é fundamental conversar com o médico para avaliar qual será o método e a conduta adotada.

 

Vacinação

O Estado do Amazonas foi o primeiro Estado brasileiro a implementar no calendário vacinal o uso da bivalente para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, em 2013.  No ano seguinte, em 2014 o Governo Federal seguiu os passos do Estado amazonense e incluiu a vacina HPV tetravalente no calendário nacional. A vacina pode ser feita em qualquer unidade de saúde. O número de doses varia de acordo com a idade.

 

• Duas doses com intervalo de seis meses entre elas (0 - 6 meses): indicado para meninas e meninos de 9 a 14 anos, 11 meses e 29 dias.

 

• Três doses, sendo a segunda, um a dois meses após a primeira, e a terceira, seis meses após a primeira dose (0 - 1 a 2 - 6 meses): para pessoas a partir de 15 anos.

 

• Para imunodeprimidos por doença ou tratamento de qualquer idade, o recomendado são três doses, sendo a segunda, um a dois meses após a primeira, e a terceira, seis meses após a primeira dose (0 - 1 a 2 - 6 meses).

 

(Foto: Reprodução)

Fonte: acritica.com

 

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