Tragédias das inundações
Manaus & Municípios
Publicado em 27/03/2024

Todos os anos, os relatos das tragédias se repetem, de Norte a Sul, o que está sendo alterado são os números das vítimas e os prejuízos deixados. A lentidão da tomada de decisão tende a agravar o quadro

 

Em várias cidades brasileiras, as águas da chuva sem ter para onde escoar denunciam a negligência história do País em relação ao lugar de moradia, das condições de moradia e do tratamento dado ao urbano. São milhares de famílias desalojadas, centenas de pessoas mortas e desespero ampliado.

 

O Brasil, no todo, tem dificuldade para compreender a importância do planejamento urbano, da classificação das áreas de risco e do porque não construir moradias nesses espaços, bem como assegurar o escoamento das águas, o que exige ter bueiros funcionando bem e não como depósito de dejetos. Ao mesmo tempo demonstra que a luta para salvar nascentes  de igarapés e estes em todo o seu curso tornam-se parte  de um todo que envolve diretamente a relação dos humanos com o meio ambiente e, dependendo do modelo dessa relação, a condição de vida de parcelas expressivas da população de uma cidade.

 

Até agora, prevalecem as decisões  por ocupação indevida sejam por pessoas em busca de um lugar para morar, seja pelos grupos de especulação imobiliária que atuam fortemente na expulsão de comunitárias de seus espaços para neles construir moradias destinadas à classe média alta e a rica, oferecendo aos antigos moradores outras funções e outros lugares de ocupação.

 

Todos os anos, os relatos das tragédias se repetem, de Norte a Sul, o que está sendo alterado são os números das vítimas e os prejuízos deixados. Com a mudança climática, chuvas intensas, cheias e secas de rios tornam-se mais presentes em curto tempo e exigem que os governos, a sociedade e o empresariado adotem outra conduta e aceitem que é preciso ter firmeza na aplicação das normas legais para enfrentar o elevado grau de negligência, as tentativas diárias de ocupar áreas inadequadas e o comportamento de cumplicidade que setores do legislativo e da justiça têm para com determinados segmentos  empresariais que se articulam par burlar a legislação ambiental.

 

A maioria da população do Brasil, em alguma medida, será atingida por essas tragédias ora temas do noticiário. A lentidão da tomada de decisão tende a agravar o quadro, isso sem considerar outros fenômenos que com frequência nos últimos anos ocorrem no País. Embora a ciência tenha avançado em itens como previsão do tempo e alertas meteorológicos, falta o aprendizado de dar importância e adotar medidas preventivas. 

 

(Foto: Arquipo Góes)

Fonte: Jornal A Crítica

 

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