Nos 90 primeiros dias de funcionamento, os registros dos radares eletrônicos não vão gerar multa
O Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), informou que a os novos radares de trânsito, os chamados corujinhas, devem começar a funcionar a partir do dia 10 de abril, em algumas avenidas de Manaus. Os serviços são de competência da empresa Manaós Monitoramento, que venceu a licitação feita pela Prefeitura de Manaus, com o valor de R$23,7 milhões.
Segundo o IMMU os radares visam a incentivar os motoristas a reduzirem a velocidade nesses trechos que apresentam número elevado de acidentes fatais. Os equipamentos funcionarão 90 dias de forma educativa, sem aplicação de multa, conforme havia anunciado o prefeito David Almeida (Avante), no dia 10 de março.
O engenheiro civil, Manoel de Castro Paiva, especialista em Planejamento e Operação de Transporte Coletivo e Planejamento e Operação de Tráfego e Trânsito Local, avalia que a instalação dos radares é necessária para levar a população a não exceder a velocidade.
“Se houver um afrouxamento das políticas punitivas, os impactos começam a aparecer. Um afrouxamento nas punições foi justamente o que aconteceu nos últimos anos e ainda se tem a preocupação com motocicletas, o veículo vem ocupando a liderança das ocorrências fatais e das lesões de trânsito em algumas cidades brasileiras, como é o caso de São Paulo, Manaus e cidades da região Norte”, disse Manoel Castro.
Além da velocidade, o especialista relaciona alguns pontos importantes para se analisar o aumento de acidentes de trânsito em Manaus: a falta de medidas educativas, a falta de iluminação de vias, uso de bebidas alcoólicas e a fiscalização. Por isso Manoel Castro entende que inicialmente os radares podem ajudar a mapear e controlar pontos de acidentes fatais.
“Tais equipamentos devem ser implantados imediatamente para colher dados de volume de tráfego, utilização adequada das vias para transporte coletivo, pedestres, ciclistas e automóveis de transporte individual. Sinalização completa das vias, indicando antecipadamente onde serão colocados os equipamentos eletrônicos e em locais de pontos intensos de acidentes“, afirma Castro.
Eficácia moderada
Já o professor doutor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em Engenharia de Transporte, Geraldo Alves, considera que, apesar de necessário, os medidores de velocidade fixos tem uma eficácia moderada, se comparado a outras medidas educativas no trânsito.
“Os motoristas que estiverem atentos não serão multados. Quem costuma andar acima da velocidade precisa se regular ao percurso, mas ainda assim tem o risco da alta velocidade em outros pontos da via. A ajuda dos radares são modestas, para ser mais eficaz que isso, seriam necessários radares móveis na mão de profissionais, para que os motoristas em qualquer percurso precisassem cuidar do excesso de velocidade”, disse o professor doutor.
Segundo Geraldo Alves, apesar da possibilidade dos motoristas reduzirem a velocidade apenas para o trecho com radar, a instalação ainda é a melhor que se pode ter no momento, pois acredita que a velocidade é um dos fatores de acidentes fatais. “É essencial pois há uma relação direta da velocidade com a letalidade de um acidente”, diz o especialista.
Medida ‘fraca’
Para a publicitária Gabriela Gonçalves, 25, os corujinhas podem ajudar a mapear os acidentes de infrações, mas considera uma medida fraca.
“Geralmente pessoas normais como eu caem no radar porque estão um pouco acima da velocidade, mas não a ponto de causar acidente e a gente paga a multa e segue normalmente. Agora, quando se trata de pessoas bêbadas, o radar não vai mudar nada, é uma medida fraca. Os caras andam devagar só naquele pedaço e o resto é em alta velocidade, colocando todos em risco”, disse a publicitária.
Gabriela ressaltou que a medida também não parece tão resolutiva, porque ao pagar a multa, o problema é resolvido, “No fim acho que radar é mais para tirar grana, porque não pune de fato. Acontecem acidentes por imprudência direto e em algumas vias são pessoas bêbadas, coisa que se resolveria com uma fiscalização, principalmente aos finais de semana”, afirma.
(Foto: Divulgação)
Por: Emile de Souza / política@acritica.com