No primeiro bimestre deste ano, a queda acumula 14% na comparação com mesmo bimestre de 2023
Por muitos anos, a Argentina foi importante destino das exportações do Amazonas. Eletroeletrônicos e motocicletas produzidos em fábricas instaladas no Distrito Industrial de Manaus encontravam no país vizinho um voraz comprador. No entanto, com a crise social e econômica que se abate há anos sobre os argentinos, somada ao tratamento de choque que o atual presidente de extrema-direita Javier Milei vem tentando implementar, a situação piorou a demanda interna por bens duráveis desabou, impactando diretamente as exportações da Zona Franca.
No primeiro bimestre deste ano, a queda acumula 14% na comparação com mesmo bimestre de 2023. Não chega a ser uma catástrofe, mas serve para ligar o sinal de alerta aos exportadores instalados no Amazonas. A crise argentina não tem prazo para terminar e é possível que a tendência de retração nas importações oriundas do Brasil persista ainda por muito tempo. Mais do que nunca, a prospecção de novos mercados para os produtos made in Manaus se faz necessária. Quanto maior for a diversidade de destinos para as exportações, menor será a exposição a tempestades econômicas localizadas.
Por outro lado, a queda brusca das exportações do Amazonas para a Argentina é um dos riscos que se corre quando a economia local depende fundamentalmente de um único setor, no caso, a indústria de transformação. É mais um alerta a respeito da eterna urgência de se aproveitar as potencialidades regionais, como o turismo, a fruticultura, a piscicultura e os recursos da biodiversidade, de maneira sustentável. Por enquanto, com raríssimas exceções, tal aproveitamento permanece só nos discursos. Mas, é sempre importante lembrar que a temporalidade é uma das características inafastáveis da Zona Franca de Manaus.
Não se fala muito sobre isso, mas neste ano se completam dez anos desde a última prorrogação dos incentivos fiscais da Zona Franca. Em 2014, a validade do modelo, que terminaria no ano passado, foi estendida até 2073. Temos 49 anos pela frente, mas como diria José Saramago, “não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”. A Zona Franca ganhou uma sobrevida para financiar a construção de um modelo autossustentável, que não dependa dos incentivos, que têm prazo para terminar.
(Foto: AFP)
Fonte: acritica.com