Boi Caprichoso inicia translado de alegorias para concentração no Bumbódromo de Parintins
Arte & Cultura
Publicado em 18/06/2024

A Marujada de Guerra, acompanhada do boi Caprichoso, itens oficiais e torcida oficial encabeçaram a fila de alegorias com uma grande festa azulada

 

Parintins - O boi Caprichoso, na tarde desta segunda-feira (17), deu início ao translado das alegorias do tema “Cultura – O Triunfo do Povo”. Os módulos alegóricos saíram do Galpão de Artes – Mestre Jair Mendes, no bairro Palmares, em direção ao lado azul da concentração do Bumbódromo de Parintins (distante 369 quilômetros em linha reta de Manaus). Cerca de 50 módulos serão transportados nesse primeiro momento. 

 

A Marujada de Guerra, acompanhada do boi Caprichoso, itens oficiais e torcida oficial encabeçaram a fila de alegorias com uma grande festa azulada. Na frente, um módulo alegórico de um monumental crocodilo metade indígena já surpreendia pela estrutura. De acordo com Joffrey Lima, coordenador dos Paikicés (como são chamados os empurradores de alegorias), 200 trabalhadores estão envolvidos no processo de translado.

 

“Estamos com 200 paikicés fazendo esse translado na segunda-feira. Na terça-feira vamos com mais outro ritual indígena e uma lenda indígena. E sucessivamente no decorrer da semana até chegar no sábado com todas as alegorias da primeira noite dentro da concentração. Nós estamos levando primeiro um ritual e uma lenda indígena. Nós estamos com 50 módulos no translado de hoje”, explicou Jofrey.

 

Joffrey Lima, Coordenador dos Paikicés (Foto: Daniel Brandão)

 

As alegorias dos artistas Kennedy Prata, Nildo Silva, Algles Ferreira e Brás Lira deixarão os galpões ao longo dessa semana. O membro do Conselho de Arte e diretor de concentração e logística, Zandonaide Bastos, falou sobre o andamento dos trabalhos.

 

“Posso dizer que 95% dos trabalhos nos galpões estão prontos. Pela estratégia até a primeira noite do festival, teremos a primeira completa e parte da segunda noite na concentração”, explicou.

 

O artista Roberto Reis, responsável pela lenda indígena ‘A Dama da Noite’, falou sobre a satisfação de ver as alegorias fora do galpão.

 

“É uma satisfação muito grande ver o trabalho do colega Kennedy Prata. O meu vai sair na quinta-feira. Estou muito feliz com que está acontecendo no galpão e ver as alegorias saindo. A nação azul e branca pode esperar um grande espetáculo", disse.

 

Ronaldo Barbosa, compositor do boi Caprichoso, relembrou que há 40 anos vive esse momento e adiantou que Mothokari será a grande surpresa na arena. “O amor torna tudo novo de novo. Há 40 anos vivo esse momento e parece que tudo tem o gosto da primeira vez. Para mim, é mais que importante está aqui vendo o Caprichoso se preparando para entrar no Bumbódromo”, disse. “Mothokari é a grande surpresa”, complementou.

 

Ronaldo Barbosa, compositor do Boi Caprichoso (Foto: Daniel Brandão)

 

Orgulho e Paixão

De olhos atentos nas alegorias que passavam em frente a própria casa, Maria Batista Pimentel, 80 anos, mãe dos alegoristas do Caprichoso, Aldenilson Pimentel e Paulo Edson Pimentel, mostrava orgulho pelo trabalho dos próprios filhos.

 

“Me sinto feliz porque meus filhos estão trabalhando com os artistas. Peço que Deus abençoe o trabalho deles e de todos. Eu sinto muito alegria, felicidade e orgulho”, falou a aposentada.

 

Liene Batista Pimental, 47 anos, irmã dos alegoristas e mãe de Igleson Pimentel que também atua no galpão, declarou que sente muita emoção ao ver o trabalho pronto. Ela contou que o filho veio de Manaus para trabalhar.

 

É alegria porque é o trabalho deles. Eles passam o ano todo para chegar nesse momento. Tenho orgulho do meu filho. Em Manaus ele sentia que não tinha emoção”, disse.

 

Maria Batista Pimentel, 80 anos e Liane Batista Pimentel, 47 anos (Foto: Daniel Brandão)

 

Por mais um ano, o autônomo Thiago Reis, 40 anos, ao lado da mãe, Guiomar Marques, 63 anos, ofertam lanches aos paikicés como forma de agradecimento pelo trabalho.

 

“Essa ideia surgiu na época da pandemia. Eles vieram para transportar as alegorias em um clima de tristeza por causa das condições. E resolvemos fazer esse lanche e até hoje fazemos”, disse Guiomar. “Tudo muito lindo o que vi até agora”, complementou.

 

Thiago Reis, um dos compositores da toada No Capricho da Remada (Foto: Daniel Brandão)

 

“Se renova a cada ano a tradição de trazer um lanche como forma de carinho para os nossos guerreiros paikicés. Para agradecer por tudo que fazem pelo nosso boi: doação e dedicação. Trabalham arduamente. Não estão tanto nos holofotes, mas trazemos esse lanche como forma de agradecimento”, disse Thiago que também é um dos compositores da toada “No Capricho da Remada” uma homenagem ao saxofonista Teixeira de Manaus.

 

Alegorias da primeira noite de festival são levadas pelos Paikicés do Boi Caprichoso (Foto: Daniel Brandão)

Por: Robson Adriano / online@acritica.com

 

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