Em comparação com 2023, ano da maior cheia registrada no Amazonas, essa marca foi atingida no dia no dia 7 de setembro, mês em que a estiagem alcança o pico.
O rio Negro nesta quinta-feira (22) vazou 21 centímetros, a maior descida desde o início da vazante em junho deste ano. Em comparação com 2023, ano da maior cheia registrada no Amazonas, essa marca foi atingida no dia no dia 7 de setembro, mês em que a estiagem alcança o pico. De acordo com o Porto de Manaus, a cota atual está em 22 metros e 15 centímentros, dois metros e oito centímetros a menos que na mesma data do ano passado.
O Serviço Geológico do Brasil - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (SBG - CPRM) prepara o "Alerta de Vazante da Bacia do Amazonas" que será divulgado nesta sexta-feira (23).
"Serão divulgadas as previsões para as cotas mínimas de 2024, na Bacia do Rio Amazonas, que abrange os rios Negro, Solimões, Amazonas e Madeira. As projeções contemplam os municípios de Tabatinga (AM), Manaus (AM) e Porto Velho (RO)", informou.
Nenhum pesquisador do SGB - CPRM estava disponível para comentar sobre essa marca. "Nossos pesquisadores estão trabalhando nos dados e em reuniões sobre a temática", informou a assessoria de imprensa nacional. Em 2010, ano da segunda maior seca registrada no estado, o rio Negro vazou os mesmo 21 centímetros no dia 2 de setembro. Em 22 de agosto daquele ano, o rio marcava 23 metros e 98 centímetros. Um metro e oito centímetros a menos que a cota desta quinta-feira (22).
Prejuízo
No porto da Manaus Moderna, localizado no bairro Centro, zona Centro-Sul da cidade, as balsas onde os barcos ancoram já se encontram em uma distância considerável da rua, na praia que se forma. Uma dessas embarcações paradas é do capitão Josenias Nogueira, 59 anos, que atua no transporte fluvial de mercadorias e pessoas há 40 anos. Pela experiência dele, "essa seca vai ser a maior que tem".
Josenias mora no comunidade do Janauarí, região próxima ao distrito do Cacau Pirêra, em Iranduba (distante 27 quilômetros em linha reta de Manaus).
"Para mim fica mais difícil no trabalho. Eu moro no Janauarí e tenho que subir o Paracupa, baixar e fazer o encontro das águas para subir e trabalhar em Manaus. Em quatro dias, eu gasto R$ 480 de gasolina. E no período de seca esse gasto aumenta. Sobe para mais de R$ 600", disse Nogueira.
Capitão Josenias Nogueira (Foto: Jeiza Russo)
Para ele a situação dos rios e de quem trabalha com transporte fluvial de mercadorias e pessoas vai piorar.
"Muitos barcos vão parar. E vai ser por semana um barco. Por exemplo, para Maués, vai sair um barco por semana. Eu carrego mercadoria para o Roadway, (porto do) São Raimundo e (feira da) Panair. Eu cobro uma faixa de R$ 50. Na seca eu fico no prejuízo, e muito. Tudo fica mais caro e difícil", disse o capitão que é pai de quatro filhos.
Boletim
O mais recente Boletim de Hidrológico da Bacia Amazonas do CPRM-SGB, publicado no dia 16 de agosto, analisou que a bacia do Rio Negro “está em processo de recessão com descidas médias diárias na ordem de 5 cm em São Gabriel da Cachoeira e Barcelos. Em Manaus, o rio Negro aponta declínios diários na ordem de 13 cm e está 90 cm abaixo da faixa da normalidade”.
O mesmo documento aponta que a bacia do rio Amazonas, "continua em processo de vazante, registrando descidas na ordem de 8 cm em Parintins e 7 cm em Óbidos, onde os níveis estão abaixo do intervalo da normalidade para o período". Já a bacia do rio Madeira, na região de Humaitá (distante 699 quilômetros em linha reta), "registra pequenas descidas diárias, na ordem de 4 cm, mas as cotas são consideradas baixas para a época".
Rio Negro teve, nesta quinta-feira, maior descida desde o início da estiagem deste ano (Foto: Jeiza Russo)
Por: Robson Adriano / online@acritica.com