A realidade manejada para outros interesses
Turismo & Meio Ambiente
Publicado em 20/09/2024

Após demorar em tomar decisões em relação ao fogo, fumaça e à seca na Amazônia, o governo federal aposta agora em um plano incerto. Apesar disso, a atitude estabelece diferença marcante

 

O governo federal  demorou em tomar decisões em relação ao fogo, à fumaça e à seca dos rios que tem na Amazônia Ocidental um dos quadros mais agudos, principalmente no Amazonas. Está agora pondo um plano da rua cujo resultados não se pode antecipar, de qualquer maneira, essa atitude estabelece diferença marcante.

 

No cipoal dos interesses que estão em jogo nesse tema, dos esdrúxulos aos decentes, um fio condutor precisa ser esticado e apresentado à população notadamente aquela mais vulnerável. Como envolve um grande leque de atores (prefeitos, governadores, parlamentares, organizações públicas, privadas, coletivos populares, igrejas, partidos políticos) que o foco estratégico seja os comunitários cujo drama é utilizado como peça de discurso e de intencionalidade por vezes opostas a questão.

 

O Brasil e os estados brasileiros estão submetidos a uma política de adesão a determinados projetos que tendem a afetar diretamente as condições de vida em regiões como a Amazônia. Estas estão sob forte pressão e tem sido expulsas de seus territórios ou encolhidas neles. Somam-se a esse aspecto as mudanças climáticas que até agora são vistas com descaso pelas autoridades públicas na saga de derrubar arvores, desviar curso de rios, reduzir as áreas verdes, matar igarapés e ampliar o asfalto, o número de prédios.

 

A isso tem sido dado o nome de desenvolvimento, conceito que desafia e engana, pois, os dados não demonstram melhoria na qualidade de vida da maioria da população e sim a concentração de renda de poucos. Há fatias expressivas de pessoas que vive à margem da dignidade humana em habitações inadequadas ou mesmo na rua, sem acesso à atenção médica integral, à alimentação, aos bens culturais. São famílias atordoadas mentalmente para quais o desenvolvimento fez mal.

 

A banalização das mudanças climáticas, do crescimento dos focos de incêndios, da fumaça e das secas severas no Amazonas e na Amazônia é parte de  um procedimento maior que busca estabelecer um calendário de tais acontecimentos e acomodar o entendimento de que a partir de agora será assim que a sociedade irá viver e morrer. Efetivamente, medidas concretas e compartilhadas não estão acontecendo, prevalece o desejo de superar a natureza e manter a ação do homem como referência de controle.

 

Editorial / Jornal A Crítica

 

 

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