Meta é despoluir: Águas de Manaus quer ampliar cobertura de esgoto
Manaus & Municípios
Publicado em 14/10/2024

Instituto Trata Brasil aponta que Manaus tem mais de 99% de cobertura de água tratada e quanto ao esgotamento, a capital está com 31%

 

Apesar do direito à água tratada de forma universalizada ser um direito de todos, Manaus apresenta uma resistência ao esgotamento adequado, conforme aponta a Águas de Manaus. A concessionária quer chegar a 38% de cobertura até o final de 2025 e  a 60% em 2027, tendo 31% de cobertura atualmente.

 

“Um dos nossos sonhos é a gente voltar a ter os nossos igarapés limpos. E é um sonho do manauara, da gente poder voltar aos banhos que existiam aqui, em vários lugares de Manaus, que hoje são impróprios. E esse dado, às vezes, a gente não acredita nisso, mas temos o exemplo das Olimpíadas (Paris), o Rio Sena já era considerado perdido, sem vida aquática e apesar dos problemas, está sendo recuperado”, disse o gerente de Responsabilidade Social da concessionária, Semy Ferraz.

 

Além dos  problemas encontrados para a garantia do serviço de esgotamento é que, diferente da água, a população precisa ainda ser conscientizada.

 

“É um serviço que a gente vai nas comunidades e oferece e todos querem ter, mas quando se trata do esgotamento adequado é mais difícil, porque precisa mudar toda a estrutura e não despejar mais direto nos igarapés”, afirmou Ferraz.

 

Abrangência de água tratada

O Instituto Trata Brasil aponta que Manaus tem mais de 99% de cobertura de água tratada e quanto ao esgotamento, a capital está com 31%. Semy Ferraz informou que, apesar de desafiador, levar esgotamento é satisfatório.

 

“O que mais é transformador é o acesso ao esgoto tratado, porque o esgoto é a céu aberto, os insetos vão lá e posam nele e vai pro copo. Às vezes, na hora de você tomar a sua água, comer o seu alimento, você acaba trazendo um processo de contaminação. Então, o esgoto tem uma importância maior e produz um resultado maior”, disse.

 

Um dos trabalhos que a concessionária tem realizado é atender em áreas de rip-raps e levar o esgotamento adequado, como o ocorrido no beco Nonato, no bairro Cachoeirinha, zona Sul,  que virou um modelo de recuperação com 1000 redes coletadas. Ferraz destaca que houve redução da quantidade de dejetos, melhorando a oxigenação da água.

 

“Antes, ficava um cheiro muito forte e agora aparecem alguns peixinhos. Antes, a população reclamava muito do forte odor, agora não temos mais reclamação disso”, apontou Semy.

 

Questão de saúde

Para a médica infectologista Fabiane Borges, a garantia desses direitos à população é uma questão de saúde.

 

“Água tratada tem grande impacto na redução de doenças, o saneamento básico diminui consideravelmente as chances de a água contaminada por micro-organismos nocivos ser consumida pela população”, ressaltou.

 

“Em casos de surtos, a investigação dessas doenças deve contar com a participação da equipe de vigilância da qualidade da água para consumo humano”, destacou a infectologista.

 

Apesar da universalização da água, algumas pessoas, especialmente as de áreas periféricas, têm esse acesso como algo recente, bem como esgoto. Para o cacique do Parque das Tribos, Ismael Munduruku, ter passado a pandemia, que iniciou em 2020, com água tratada foi “uma benção”.

 

“E a gente tava preocupado que não tinha água encanada, né? Mas antes que a Covid se alastrasse mesmo por Manaus, a água já estava ligada aqui na comunidade. Então deu pra gente ter água durante essa pandemia e não precisar ir buscar mais longe”, contou o cacique.

 

Ismael Munduruku relatou que antes de ter acesso à água, doenças causadas por contaminação eram mais frequentes.

 

(Foto: Daniel Brandão/A Crítica)

Por: Emile de Souza / cidades@acritica.com

 

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