A alta de preços atinge exatamente produtos essenciais na mesa dos manauaras, como feijão, arroz, frango, café, manteiga e leite
Não surpreende o fato de Manaus ter a terceira cesta básica mais cara do País. A constatação, feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apenas atesta o que os consumidores manauaras sentem no bolso todos os dias. A alta de 16% nos preços, no intervalo de seis meses terminado em setembro, tem possível relação com o agravamento dos gargalos logísticos que atingem a capital, como as restrições à navegação em face da estiagem severa, e a situação da rodovia BR-319, que após dois anos, continua com duas pontes quebradas, sem falar nos trechos praticamente intrafegáveis.
É fácil supor o impacto desses fatores no custo do frete das mercadorias que chegam a Manaus por meio desses modais. Infelizmente, como o nível dos rios ainda deve demorar para voltar à normalidade, e as obras das pontes na BR-319 seguem a passo de tartaruga, podemos esperar preços ainda mais salgados nos próximos meses.
Como se não bastasse, a alta de preços atinge exatamente produtos essenciais na mesa dos manauaras, como feijão, arroz, frango, café, manteiga e leite. Cabe ressaltar que a cesta básica é um conjunto de produtos alimentícios nas quantidades consideradas por especialistas como suficientes para sustentar uma “família padrão”, aquela formada por dois adultos e duas crianças, ao longo de um mês.
Segundo o estudo da FGV, em Manaus uma família com quatro pessoas precisaria dispor de R$ 809,60 para gastar apenas com alimentação. É óbvio que a maior parte das famílias, sobretudo as de baixa renda, não dispõe de tal valor para destinar exclusivamente à compra de alimentos. Um estudo abrangente com certeza identificaria situação de insegurança alimentar em inúmeros lares manauaras. A alta nos preços, que deve continuar nas próximas semanas, tende a agravar esse quadro.
Mais do que nunca, sociedade e poder público devem atacar os fatores que concorrem para esse cenário: precisamos da BR-319 plenamente trafegável, precisamos de ações concretas para prevenir o impacto da estiagem – que pode ficar mais severa a cada ano – e precisamos de políticas públicas sérias, não-eleitoreiras, para combater a insegurança alimentar da população de baixa renda.
(Foto: Agência Brasil)
Fonte: Agência Brasil