Com mais de 130 composições, Onça teve letras eternizadas nas vozes de Zeca Pagodinho, Leci Brandão, Jorge Aragão e Exaltasamba
Paulo de Juvêncio de Melo Israel, 62 anos, conhecido nacionalmente como Paulo Onça, consagrado cantor e compositor manauara fez história, melodia e muito samba ao longo de 45 anos de vida dedicados à música e a arte. Com mais de 130 composições, Onça teve letras eternizadas nas vozes de Zeca Pagodinho, Leci Brandão, Jorge Aragão e Exaltasamba. Artista autodidata, Onça também fez carreira e nome nos carnavais de Manaus e do Rio de Janeiro.
Onça começou carreira artística aos 20 anos de idade em bares de Manaus ao cantar sambas consagrados pelo sambista carioca Noel Rosa, 26 anos. Em 1990 no Grêmio Recreativo Escola de Samba (GRES) Vitória Régia escreveu o samba-enredo “Nem Verde Nem Rosa”. Em 1998 atuou na GRES Acadêmicos do Salgueiro, onde compôs em parceria com Quinho e Mestre Louro, o samba-enredo “Parintins a Ilha do Boi-Bumbá - Caprichoso e Garantido”, e ficou em sétimo lugar no carnaval carioca.
Ainda no carnaval do Rio de Janeiro (RJ), Onça mostrou todo talento nacionalmente na GRES Grande Rio, no ano de 2016, ao assinar junto de Kaká, Dinho Artigliri, Rubens Gordinho, Alan Vasconcelos e Marco Moreno, samba-enredo “Ivete do Rio ao Rio” em homenagem à cantora Ivete Sangalo, 52 anos. Nos anos 90 compôs em parceria com Paulinho de Carvalho “Feitio de Paixão”, sucesso na voz de Jorge Aragão; junto de Royce do Cavaco compôs, “É melhor refletir” interpretada por Leci Brandão; e “Cartilha de Amor”, outra parceria com Royce do Cavaco.
O sambista manauara também tem composições cantadas por nomes do boi-bumbá como Klinger Araújo, 51 anos, vítima da covid-19, nas toadas “Boi de Deus” e “Garantido e Parintins - uma história de amor” dos álbuns Fantasias da Ilha e Requiem - Klinger Araújo e Grupo Encanto da Ilha, respectivamente. Onça também atuou junto de Chico da Silva, na toada “Cheiro de Mato (Chegou a hora)”, em 1996, no álbum A Toada Amazônica. É de Onça o samba-exaltação do GRES Vitória Régia: “bate, bate, bate batuqueiro o samba na 14 é de janeiro a janeiro”.
Morte
Paulo Onça morreu no início da tarde desta segunda-feira (26) no Hospital Universitário Getúlio Vargas, situado no Centro, zona Centro-Sul de Manaus, após cinco meses internado em virtude de um espancamento ocorrido em dezembro do ano passado. Inicialmente, Onça foi internado no Hospital e Pronto-Socorro Doutor João Lúcio Pereira Machado, na zona Leste da cidade, onde passou por uma cirurgia para remoção de um coágulo.
O suspeito pela agressão contra Onça foi identificado como Adeilson Duque Fonseca. O crime contra o sambista aconteceu após uma briga de trânsito na madrugada do dia 5 de dezembro, no bairro Praça 14 de Janeiro, zona sul de Manaus. A Justiça decretou a prisão preventiva do comerciante no dia 8 de dezembro e ele segue preso sob custódia no sistema prisional, onde aguarda a audiência de instrução sobre o caso. No processo, Adeilson responde por tentativa de homicídio.
(Foto: Reprodução)
Por: Robson Adriano