Na comparação 2023 e 2024, o desmatamento aumentou em 85,2%
Em meio à euforia da aprovação do ‘PL da Devastação’ no Senado, da implantação de grandes projetos na Amazônia, de aparente falta de atenção quanto às exigências de cumprimentos de etapas legais para construção de prédios comerciais e residenciais, o Brasil patrocina e irá abrigar, no mês de novembro deste ano, a COP30.
A relevância do encontro contrasta com a guinada dos poderes legislativo e executivo do Brasil às pautas desenvolvimentistas. As demandas do meio ambiente e da tomada de decisão em favor da sustentabilidade são encaixotadas enquanto um trator passa sobre as caixas.
Os indicadores mostram redução no índice de desmatamento da Amazônia enquanto dados do Observatório da BR-319 apontam contínuo desmatamento nos municípios de influência da rodovia federal Manaus-Porto Velho, a BR-319.
Na comparação 2023 e 2024, o desmatamento aumentou em 85,2%, de acordo com o Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), instância vinculada ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Ambiente (Imazon).
Este ano, tendo como referência comparativa abril de 2024, o nível de desmatamento foi de 67%. A pressão pelo asfaltamento da 319, as condições de colocar a BR em operacionalização e a soma dos interesses de diferentes setores, explicitados no PL da Devastação, promovem um tipo de corrida em direção aos municípios afluentes da estrada e, com ela, a derrubada de mais árvores.
O país não conseguiu fechar um pacto pela BR-319. A versão recorrente é a da urgência de a rodovia funcionar sob a promessa de ganhos diversos para o Amazonas. O governo brasileiro tem dificuldade de estabelecer ação capaz de lidar com a voracidade dos que não levam em conta as condições socioambientais da estrada e de dar finalidade à BR de 885 quilômetros, construída nos anos de 1968-1973, no regime militar como parte do plano de integração da Amazônia.
A inauguração ocorreu em 1976 sem que a obra fosse concluída e uma estrutura tecnológica de manutenção tivesse sido preparada. No ano de 1988, a BR foi fechada e desde lá iniciativas nos governos de FCH e de Lula desenvolveram planos para recuperar a 319 o que ficou em trechos dela.
Entre o movimento pela recuperação da rodovia e a necessidade de licenciamentos ambientais, o PL da Devastação tenta atender a uma parte dos interesses enquanto a devastação prossegue.
(Foto: Arquivo A CRÍTICA)
Fonte: acritica.com