O grupo de 130 componente, distribuídos entre as três Figuras Típicas Regionais, também concorre no item 15, sendo responsáveis por dar vida à cênica na arena
Parintins, AM – A três dias da primeira noite de apresentações no 58º Festival Folclórico de Parintins, os ensaios na concentração de alegorias do boi Garantido são intensificados com o corpo teatral que compõe o espetáculo “Boi do Povo, boi do Povão”. O grupo Lendários da Cênica, formado por 130 componentes, distribuídos entre as três Figuras Típicas Regionais, também concorre no item 15 e é responsável por dar vida à cênica na arena. O grupo é formado por torcedores do boi da Baixa do São José.
Com uma cuia de tacacá nas mãos, a idosa Rosélia Brandão, 62 anos, uma Lendária da Cênica, canta e dança a toada “Tacazeiras da Amazônia”, que concorre ao item 15. Atenta à coreografia passada pelo coreógrafo Geandre Reis, 50 anos, participa pelo sexto ano do corpo teatral.

Rosélia Brandão, 62 anos. Foto: Paulo Bindá
“Para mim é um prazer. Chega nessa época, eu esqueço tudo, não tem doença, não tem cansaço e não tem nada. Pelo meu boi Garantido eu faço qualquer coisa. A gente ensaia três meses direto. E nessa figura típica tem bastante senhoras”, disse.

Geandre Reis, coreógrafo do grupo Lendários da Cênica. Foto: Paulo Bindá
Reis detalhou que, para este ano, o desafio para os integrantes foi dançar nas alegorias. São 90 componentes que fazem parte do corpo cênico da alegoria “Tacacazeira da Amazônia”.
“Nessa figura tem passos de dança. ‘O Povo Negro da Amazônia’ é uma coreografia mais dançante. E ‘Artesãs Indígenas’, que serão somente mulheres, com protagonismo forte e cênico. Na terceira noite o protagonismo é delas. O grupo é dividido entre as três figuras típicas de cada noite”, disse o coreógrafo.
Wendel Miranda, 38 anos, artista de ponta do boi Garantido e responsável pela alegoria “Tacacazeiras da Amazônia”, explicou que a comissão de arte do bumbá passou uma concepção ao artista. Essa figura típica regional foi montada para mostrar na arena como é feito o tacacá: desde o cultivo da mandioca-brava para a extração, fermentação e cozimento do tucupi, confecção da goma e do jambú. No total, são 20 trabalhadores que atuam na construção dos módulos alegóricos, entre soldadores, aderecistas e mecânicos.

Wendel Miranda, artista de ponta e responsável por Tacacazeiras da Amazônia. Foto Paulo Bindá
“A comissão de arte passou um projeto para a gente e tivemos total liberdade, ficamos à vontade para adequar ao que eles (a comissão) queriam contar. No caso, desde o início: como surgiu a goma, o tucupi, que vem da cultura indígena. Vamos contar essa história pelo lado indígena, extraindo a mandioca, o tucupi com a goma. E depois passamos para os dias de hoje, com as tacacazeiras que vendem nas ruas e nos arraiais. Vamos trazer essa realidade na arena”, disse Miranda.

Wendel Miranda e equipe. Foto: Paulo Bindá
A poucos dias da alegoria entrar na arena, Wendel falou em “dever quase cumprido”. “A gente só cumpre o dever quando sai de dentro da arena. Ainda não fizemos os testes, mas ela (a alegoria) já está pronta. Ainda faremos o teste com item, vamos testar todos os movimentos, esquemas de luzes e ajustar os detalhes, para entrar 100% dentro da arena e buscar esse trigésimo terceiro título para o boi Garantido”, frisou o artista. O boi Garantido abre o festival na noite desta sexta-feira (27).
Geandre Reis e os Lendários da Cênica que irão atuar na alegoria Tacacazeiras da Amazônia (Fotos: Paulo Bindá/A CRÍTICA)
Por: Robson Adriano