A CRÍTICA participou da cabine de exibição do filme e fez uma breve análise do que o público pode esperar do 'terror mais aguardado do ano'. Confira
Não é de hoje que o horror carece de boas produções que valham a pena cada centavo gasto do espectador que dedica seu tempo para apreciar filmes do gênero.
Em um período em que os grandes estúdios preferem "reviver" clássicos aclamados como Pânico, Halloween, Candyman do que apostar em novas produções que em muitas vezes a premissa é o único ponto forte do filme, Fale Comigo, surge como um grande exemplo de que ainda é possível produzir bons filmes de terror com pouco orçamento em caixa.
A produção independente dos irmãos australianos Philippou, que nos Estados Unidos está sendo distribuída pela A24 e aqui no Brasil pela Diamonds Films, estreia nesta quinta-feira (17) em todos os cinemas do país.
Na semana passada, a A CRÍTICA foi convidada pela distribuidora brasileira para participar da cabine de imprensa realizada na sala de cinema da rede UCI do Manauara Shopping, localizado na avenida Mário Ypiranga, bairro Adrianópolis, Zona Centro-Sul de Manaus. E, pode conferir em primeira mão o filme que promete ser o terror do ano.
O enredo
Fale Comigo aborda a história de jovens que, após entrarem em contato com espíritos por meio de um artefato em formato de mão, passam a ter que lidar com as consequências de seus atos imprudentes.
A protagonista precisa lidar com situações conflitantes entre a realidade e o mundo dos espíritos (Foto: Divulgação/Diamonds Films)
O filme foca na trajetória de Mia (Sophie Wild), uma das jovens do grupo que participou das experiências com os espíritos e começou a presenciar aparições fantasmagóricas mais intensas e fora do espectro que a "mão amaldiçoada" proporciona.
A trama se perdura após o irmão de sua melhor amiga ser possuído por um espírito que tem o objetivo de habitar seu corpo e prender a alma dele para sempre no mundo paranormal. Durante todo o filme, a protagonista se vê em situações conflituosas em que precisa decidir seguir o seu instinto ou acreditar nas orientações dos espíritos em que ela passa a ver e ouvir
Ritmo da narrativa
A narrativa do filme demora a pegar ritmo. Deixando de lado a cena inicial que mostra a possessão causada pelo artefato antes de cair nas mãos dos jovens, os primeiros trinta minutos do longa buscam apresentar os personagens que irão compor a trama e criar uma atmosfera de terror psicológico e de um suspense intensivo.
Diversas cenas demonstram uma montagem construída para os jovens da geração Z que estão acostumados com vídeos curtos e cortes frenéticos. Uma linguagem que lembra bem o filme Mortes Mortes Mortes - também da produtora independente A24.
Alusão às drogas
Apesar de focar em diálogos sem tanta profundidade ou às vezes a falta dele (o que justificaria o título do filme), Fale Comigo desperta em que assiste uma questão importante de se discutir: o uso abusivo de entorpecentes.
É nítido que a possessão dos espíritos por meio da mão embalsamada se torna um vício entre os jovens - ainda que tenham criado uma regra interna de "usar a mão" por apenas 90 segundos, limitando o tempo que o espírito pode habitar em seus corpos.
Essas cenas facilmente podem se relacionar com a realidade de jovens e adolescentes que usam as drogas em grupo para fugir da realidade ou apenas como uma forma de recreação. Porém, a falta de controle pode tornar um vício que trará sérias consequências a longo prazo - como é o caso do filme.
Sucesso de crítica e público, ‘Fale Comigo’ já tem sequência confirmada (Foto: Divulgação/Diamonds Films)
Terror do ano?
Ainda que tenha problemas em seu roteiro, Fale Comigo consegue entregar o que foi proposto. Um filme carregado de suspense que aborda problemáticas relevantes como solidão, morte e luto.
Os irmãos diretores demonstram que com sua bagagem de pequenas produções para o YouTube são capazes de entregar um longa-metragem que pode ser considerada a melhor produção de terror deste ano.
Fale Comigo é um filme que conversa com a geração atual, mas sem deixar de navegar na velha fórmula de jumpscares que, neste caso, não se tornam cansativos e desnecessários.
Uma sequência vem aí
O desfecho do filme se dá em meio uma série de acontecimentos que deixam o espectador aflito com o que pode acontecer. Apesar de ser um final que deixa aberto a interpretações, os diretores conseguem concluir o que foi desenvolvido no início do filme por meio de elementos visuais e narrativos.
É possível ver uma franquia promissora após esse primeiro filme. Não é à toa que o sucesso de crítica no Festival de Sundance e também de bilheteria nos Estados Unidos foi suficiente para validar a produção de uma sequência confirmada pelo estúdio.
Ainda não foi divulgado se o filme será uma sequência direta aos acontecimentos finais do primeiro filme ou se abordará uma história anterior. Mas, o que se pode dizer é que a franquia está em "boas mãos".
Por: Lucas Vasconcelos
Foto: Divulgação/Diamonds Films
Fonte: online@acritica.com