Declaração foi dada durante coletiva de imprensa na sede do governo do Amazonas que tratou das ações e enfrentamento à estiagem.
A ministra Marina Silva ressaltou, nesta quarta-feira (4), que ficou afastada do Ministério do Meio Ambiente por mais de uma década, período no qual a recuperação do trecho do meio da BR-319 (rodovia que liga Manaus a Porto Velho) não avançou. “Se a BR-319 fosse fácil de concluir, ao longo desses 15 anos ela já estaria feita”, disse Marina durante a coletiva de imprensa na sede do governo do Amazonas que tratou das ações e enfrentamento à estiagem.
"Eu entendo que nesse momento temos que ter muita sensibilidade e solidariedade ao governo do Estado e aos amazonenses. Eu tenho a felicidade de ser ministra do Meio Ambiente pela terceira vez, mas eu deixei de ser ministra em 2008. De lá para cá são 15 anos, então eu não preciso dizer mais nada, se a BR-319 fosse fácil de concluir, ao longo desses 15 anos ela já estaria feita", disse Marina ao responder a uma pergunta durante a coletiva de imprensa sobre a recuperação da rodovia.
Desde a semana passada, diversos políticos do Amazonas, ao comentarem o isolamento provocado pela seca dos rios, atribuem à Marina a não retomada das obras na rodovia federal, que dependente de licenciamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Entre eles, o senador Omar Aziz (PSD), que durante uma sessão no plenário do Senado, na quarta-feira (26/9) associou a postura da ministra com a fome enfrentada pelos ribeirinhos. “Eu a condeno por fazer com que o meu Estado fique isolado. Ela não tem propostas ambientais para o Brasil. Só sabe dizer não pode e não deve. Eu estou acusando a Marina Silva de ser a responsável pelo isolamento do meu Estado, do povo do Amazonas”, disse.
Na quinta-feira (28/9), o deputado estadual Wilker Barreto (Cidadania) afirmou, na tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), que Marina Silva precisa sair do que ele classificou como intransigência e pediu uma mudança de postura da ministra.
“Não é justo o nosso povo, estarmos caminhando para quase 500 mil pessoas no sofrimento absurdo. Estou propondo uma moção de repúdio à intransigência da ministra que está impondo ao povo do Amazonas um sofrimento gigantesco. A BR-319 é questão de estratégia do Brasil e temos que acabar com esse discurso de que a rodovia vai acabar com a Amazônia. Falavam a mesma coisa sobre a BR-174 e nada disso ocorreu”, disse.
Na sexta-feira (29/9), ao comentar os problemas econômicos provocados pela vazante no Amazonas, o governador Wilson Lima, sem citar o nome de Marina Silva, disse que o governo federal precisa priorizar a conclusão da BR-319.
“Se não houver uma decisão firme do Governo Federal de entender que a Amazônia, que o Estado do Amazonas também é Brasil, a gente não vai conseguir nunca avançar com a questão da BR-319. Agora não tem outro caminho, ou o presidente Lula diz que é prioridade, que o governo federal vai viabilizar a recuperação da BR-319, ou então a gente não vai ter a BR-319, ou então a gente vai ter que encontrar um outro caminho, vai ter que ir para a justiça, enfim, vai encontrar outros meios e aí também é outra briga”, finalizou Lima.
Nesta quarta-feira (4), Marina afirmou que o governo Lula busca o equilíbrio entre o avanço de empreendimentos e a manutenção do meio ambiente.
"Não adianta negar o impacto das mudanças climáticas, elas existem e já estamos enfrentando as consequências delas. Por isso, devemos fortalecer a democracia, combater as desigualdades e a sustentabilidade. Gerar emprego, renda com responsabilidade e desenvolvimento", explicou.
A ministra afirmou que um grupo de trabalho multidisciplinar estuda os avanços, impactos e demais ações em torno da rodovia federal. "Já existe um grupo de trabalho que estuda e se embasa por meio de estudos técnicos os métodos de gerir esse avanço em estradas, aeroportos e demais ações. Inclusive, tem trechos da BR-319 que já possuem a licença ambiental para pavimentação, mas que desde 2007 não receberam obras", finalizou.
(Foto: Junio Matos)
Fonte: Carolina Givoni / politica@acritica.com