O efeito pedagógico da campanha eleitoral é difícil de ser mensurado. As ideias são banalizadas, a superficialidade no trato dos problemas do município prolifera e a violência é ressaltada como meio de conquistar votos
Diante dos desafios que as cidades apresentam e, de maneira particular, as cidades da Amazônia, os primeiros movimentos das campanhas eleitorais para os cargos de prefeito e de vereadores apresentam desconhecimento e distanciamento das questões centrais dos municípios.
A campanha em busca do voto do eleitorado está, em geral, viciada, presa a um modelo ultrapassado e aos efeitos do controle de grupos. As diferentes plataformas, anunciadas como um novo e promissor tempo para a liberdade de expressão e democratização das informações, abrigam manejos perigosos – sem ignorar o espaço de bom uso – que fazem exatamente o contrário da promessa feita com o advento da internet e das redes sociais. Os cortes de falas e as falas confeccionadas para uso e compartilhamento nas redes tornaram-se uma mania e aprofundam o fictício como se real fosse.
Faltam propostas que envolvam de fato a administração e a legislação no município. Um colorido faz de conta sob efeitos especiais que não conseguiram até agora vencer a repetição. Vereadores têm uma das tarefas mais importantes na vida da cidade, são os olhos que podem ver o que está perto e o que está mais longe, sentir a qualidade de vida na cidade expressa no transporte coletivo, na educação, na saúde, na cultura, na segurança pública e todos esses indicadores interligados à natureza. E são responsáveis por monitorar o executivo, propor leis, fazer denúncias embasadas diante de atos indevidos do prefeito.
Os eixos estruturantes da cidade deveriam ser uma das lições de candidatos à prefeitura e à Câmara Municipal. E objetos de apresentação nas campanhas: o que temos, o que funciona, o que propomos, por que propomos e como será feito são algumas das questões que eleitores e a sociedade poderiam dispor nos horários eleitorais para tomarem a decisão sobre em quem votar.
O efeito pedagógico da campanha eleitoral é difícil de ser mensurado. As ideias são banalizadas, a superficialidade no trato dos problemas do município prolifera e a violência é ressaltada como meio de conquistar votos. “Comigo vagabundo é na bala”, diz o slogan de alguns candidatos que talvez tenham sido treinados em grupo para repetir a pregação.
Quais candidatos estão, de fato, utilizando o espaço do horário eleitoral para submeter ao público uma proposta ao desenvolvimento da cidade e superação de problemas graves que a maioria dos municípios vive?
(Foto: Agência Brasil)
Fonte: acritica.com