As desembargadoras Carla Reis e Nélia Caminha assumirão o cargo no próximo biênio
O Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) será liderado pela primeira vez por duas mulheres. Na eleição realizada nesta terça-feira (10/09), a desembargadora Carla Maria Reis foi aclamada como presidente com 24 votos e uma abstenção, enquanto a vice-presidência ficou definida com a desembargadora Nélia Caminha, que obteve 20 votos. Ambas comandarão a instituição durante o biênio de 2025 a 2027.
“Pelo estado do Amazonas, nós seremos realmente as primeiras mulheres, duas mulheres, na direção do Tribunal Regional Eleitoral. Eu acho que representa muita força, muito empoderamento para o Brasil, mas especialmente para o nosso estado. Será um desafio e um exemplo para as mulheres que almejam alcançar cargos mais elevados, não só no judiciário, mas em qualquer ambiente que seja”, ressaltou a presidente eleita, Carla Maria Reis.
Durante coletiva de imprensa, a presidente eleita foi questionada se, em uma gestão feminina, haveria maior rigor sobre as candidaturas laranjas, tendo em vista que, durante sua atuação como corregedora e vice-presidente, foram cassados partidos referentes às eleições de 2020. A desembargadora informou que a lei deve ser cumprida e que deve haver coerência na atuação.
“Eu acho que toda e qualquer lei é soberana e temos que respeitá-la, independente de quem esteja no comando de qualquer cargo dentro do TRE ou daqui também do TJAM. Então, esse caso que o senhor acaba de mencionar, inclusive foi confirmado por unanimidade no cumprir a lei. E acho que só, cumprir a lei. Como a lei foi feita pelos legisladores, temos que cumprir, principalmente tendo coerência. Coerência é acima de tudo”, ressaltou Reis.
Carla Maria Reis também foi questionada sobre como será sua atuação, especialmente com os impactos das mudanças climáticas no Amazonas e as eleições polarizadas, que se dividem em brigas partidárias bem definidas. A presidente eleita afirmou que tem experiência para trabalhar com as situações.
“A nossa região é uma região única, é uma região desafiadora, e o que temos sempre, a vazante, a seca, a cada ano pelo que se tem agora, é pior. E o Tribunal Regional Eleitoral não faz as eleições sem ajuda do Exército, Marinha e Aeronáutica. Então, são nossos parceiros desde sempre. Nós sabemos que desafios nós teremos, como a atual gestão está tendo. E a eleição polarizada, nós também já tivemos em 2022; eu estive à frente, na condição de corregedora e vice-presidente”, ressaltou a desembargadora.
Quanto à sua atuação na corregedoria do Conselho Nacional de Justiça, Carla Reis informou que se encerrará antes de assumir o cargo em 2025.
“Só tomarei posse, se Deus quiser, em janeiro. Então, eu ficarei no CNJ até esse período. Ficarei lá colaborando com o ministro Mauro, que me deu a honra e a confiança de estar na companhia dele frente ao desafio dele, na corregedoria do Conselho Nacional de Justiça”, disse a desembargadora.
A votação foi conduzida pela vice-presidente do TJAM, desembargadora Joana dos Santos Meirelles, pelo fato de a atual presidente, Nélia Caminha, estar inscrita no processo como candidata.
Nélia Caminha ressaltou que se sente honrada em compartilhar a direção com a presidente eleita e que já trabalharam juntas por muitos anos. A atual presidente do TJ-AM afirmou que deixa o tribunal com o pensamento de dever cumprido.
“Olha, eu estou deixando certinho, entendeu? Vou entregar para o desembargador Jomar da melhor forma possível. Transparência é o meu lema, tudo aberto, então não vai ter problema nenhum. As contas em dia, avanços, com certeza”, afirmou.
Eleita para vice-presidente do TRE, a desembargadora destacou suas experiências para assumir o posto e que considera uma transição “tranquila”.
“Eu estou muito confiante, confio na desembargadora Carla e eu acho que vai ser tudo tranquilo, sem problema nenhum. Já tenho experiência, já fui membro do Tribunal enquanto juíza, já presidi eleição municipal, já fui juíza coordenadora da propaganda eleitoral, então eu conheço o Tribunal Eleitoral. Então, para mim, vai ser de forma tranquila essa gestão”, informou Caminha.
Questionada sobre sua atuação nas eleições de 2026, em temas como fake news e inteligência artificial (IA), a desembargadora destacou que, acima de tudo, deve estar a lei eleitoral.
“Olha, a lei deve ser cumprida. Acima de tudo, a lei deve ser cumprida. E assim trabalharemos. Fake news, inteligência artificial, é algo novo, mas também temos como combatê-los. Seremos firmes e intransigentes nesse assunto. Eu penso assim, a desembargadora Carla pensa do mesmo jeito, e assim atuaremos”, destacou Nélia Caminha.
Carla Maria Reis e Nélia Caminha, desembargadoras do TRE-AM (Fotos: Daniel Brandão)
Por: Emile de Souza / politica@acritica.com