Para ter maioria na CMM, o prefeito precisará de ao menos 21 de um total de 41 parlamentares. Durante a campanha só 18 pediram votos para ele
Reeleito no domingo, o prefeito David Almeida (Avante) disse, nesta segunda-feira (28), que já conta com o apoio de 19 a 20 vereadores. O chefe do Executivo precisará de ao menos 21 de um total de 41 parlamentares em sua base para ter maioria na Câmara Municipal de Manaus (CMM) a fim de garantir a presidência da Casa e driblar problemas ocorridos a partir da metade de seu primeiro mandato quando registrou várias derrotas no Legislativo Municipal.
Se considerados os parlamentares eleitos e reeleitos que apoiaram publicamente sua reeleição no segundo turno, o prefeito soma 18 vereadores. Outros 18 marcharam com o Capitão Alberto Neto (PL). E cinco não se manifestaram.
Durante a campanha, David contou com o apoio de parlamentares que já estavam em sua base e de novatos que chegam ao Legislativo pela primeira vez, como João Paulo Janjão (Agir), Pai Amado (Avante) e Rodinei Ramos (Avante). Os demais que declararam apoio ao prefeito foram Dione Carvalho (Agir), Rosinaldo Bual (Agir), David Reis (Avante), Dr. Eduardo Assis (Avante), Eduardo Alfaia (Avante), Gilmar Nascimento (Avante), Joelson Silva (Avante), Elan Alencar (DC), Kennedy Marques (MDB), Mitoso (MDB), Raulzinho (MDB), Jander Lobato (PSD), Professor Samuel (PSD), Roberto Sabino (Republicanos) e Jaildo Oliveira (PV). Todos foram eleitos em 2020 e reeleitos no primeiro turno deste ano.
Nos bastidores, aliados de David Almeida contam ainda com o apoio de Eurico Tavares em 2025. Vereador mais jovem da história de Manaus, Eurico se elegeu pelo Partido Social Democrático (PSD) do senador Omar Aziz, que apoiou a reeleição do prefeito. Dos parlamentares que não declararam apoio a nenhum dos candidatos, o vereador Zé Ricardo (PT) já se coloca como oposição. Enquanto isso, Everton Assis (União), Marcelo Serafim (PSB) e Yomara Lins (Podemos) não deixaram claro se farão parte da base aliada do prefeito ou se ficam na oposição.
Adversários
Por outro lado, 18 vereadores declararam apoio à candidatura do deputado federal Capitão Alberto Neto (PL). Quatro foram eleitos pelo Partido Liberal e já estavam com o parlamentar no primeiro turno: Capitão Carpê, Coronel Rosses, Raiff Matos e Sargento Salazar, todos abertamente bolsonaristas. O vereador Rodrigo Guedes tornou público seu apoio à candidatura de Alberto às vésperas do segundo turno.
Os outros 13 vereadores eleitos que prestaram apoio ao bolsonarista faziam parte do grupo aliado ao governador Wilson Lima (União) e Roberto Cidade (União): os estreantes Paulo Tyrone (PMB), Rodrigo Sá (PP), Sérgio Baré (PRD), Aldenor Lima (União), Saimon Bessa (União) e Marco Castilhos (União) e os reeleitos Ivo Neto (PMB), Allan Campelo (Podemos), Thaysa Lippy (PRD), Diego Afonso (União), Professora Jacqueline (União), Rosivaldo Cordovil (PSDB) e João Carlos (Republicanos).
Estes parlamentares, que renovaram o mandato, fizeram oposição à gestão David Almeida a partir do segundo semestre de 2023, muito embora tenham ficado ao lado do prefeito durante a primeira metade de seu mandato.
Nem sempre foi assim
Durante o primeiro biênio do primeiro mandato de David Almeida à frente da prefeitura, apenas quatro vereadores faziam parte da oposição: Capitão Carpê, Rodrigo Guedes, William Alemão (Cidadania) e Amom Mandel (Cidadania), que depois se elegeu deputado federal.
O quarteto foi responsável por elaborar questionamentos e processos que atingiram a gestão do vereador David Reis, aliado do prefeito, na Presidência da CMM. Isso incluiu a entrada na Justiça contra o aumento da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), o famoso Cotão; contra a construção de um novo anexo na CMM e a entrega dos chamados “kits selfie”.
A base aliada rachou quando os vereadores aliados de David Almeida tentaram alterar a Lei Orgânica do Município para permitir a reeleição de David Reis. A lei impede reeleições consecutivas na presidência da Câmara na mesma legislatura. O então grupo independente conseguiu impedir a mudança. O caso também culminou no desembarque de Marcelo Serafim da base de David Almeida.
A união desse grupo de vereadores, apoiada nos bastidores pelo governador Wilson Lima, culminou na eleição do vereador Caio André para a presidência da CMM. A partir daí, o prefeito David Almeida passou a enfrentar mais entraves, sendo o mais célebre o caso de um empréstimo de R$ 580 milhões, que antes teve um pedido no valor de R$ 600 milhões rejeitado pelos vereadores. O novo pedido foi aprovado após muita discussão e por uma margem apertada: 21 votos “Sim” e 18 votos “não”.
A chegada das eleições de 2024 acirrou ainda mais os ânimos internos na CMM. Aliados a Wilson Lima, o grupo de vereadores que passou a ser oposição a David Almeida apoiou a candidatura do deputado estadual Roberto Cidade (União), presidente da Assembleia Legislativas do Amazonas (ALE-AM). Os vereadores desse grupo passaram a, diariamente, elencar críticas à gestão de David Almeida. A base do prefeito, em compensação, investiu em ataques ao governo estadual.
Sem uma maioria sólida no Legislativo, David viu serem aprovadas às vésperas da eleição duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Uma para investigar suposto pagamento irregular na Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom) e outra para apurar contratos do Executivo Municipal de empresas supostamente ligadas à sua noiva e à mãe dela. As CPIs foram barradas pela Justiça.
Foto: Nilton Ricardo
Por: Lucas dos Santos / politica@acritica.com